sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A rede é Social e não Pessoal


Muito se tem falado sobre a exposição dos profissionais na rede social. E como o próprio nome diz, ela é social, razão pela qual muitas pessoas ainda acham que as informações são restritas à sua rede de amigos. Geralmente, nos esquecemos que ao longo do tempo vão fazendo parte de nossa comunidade social os colegas de trabalho de empresas atuais e anteriores. Vamos adicionando também colegas que estudam conosco, colegas de nossos colegas, nossos vizinhos, parentes de nossos colegas, amigos dos nossos amigos, conhecidos da nossa comunidade, parentes e até alguém que não conhecemos, mas que pedem para participar de nossa comunidade.
Dessa forma, nossa rede vai formando-se com velocidade tamanha, que quando nos damos conta, estamos com números assustadores de podem superar a casa de mil pessoas. Existem ocasiões que nem mais nos lembramos de pessoas e quem são essas pessoas que fazem parte de nossa rede de amigos virtuais. No geral, o que fica em nossa mente é de que a rede tem caráter informal e sem visibilidade.
Porém, sem que ao menos possamos perceber, as informações sobre nossa vida social, a vida amorosa, a vida família, a vida acadêmica, do nosso modo de pensar (através de frases ou do que você está pensando agora), de situações ocorridas em nosso trabalho naquele dia específico, a expressão de nossas angústias, de nossas alegrias, conquistas, de nossas decepções, expressando-as através dos manifestos online e infinitas outras situações que estão sendo compartilhadas a todo o momento com todos os que fazem parte da nossa rede e correndo soltas pelo mundo afora.
Para a nova geração, tudo isso pode parecer normal, porque na verdade todos estão experimentando nova cultura de comunicação e de relacionamentos, desconhecendo seus malefícios. Ainda há certo encantamento das pessoas, principalmente porque podem falar, podem se expressar, relacionar-se, flertar e até namorar à distância, visto que a grande maioria dos jovens sofre com a questão da timidez e descobrir na rede social, mais chance de obter sucesso, esquecendo-se de que o teto de vidro que a expõe, é muito maior do que a tela do computador onde tenta se esconder.
Mas afinal, até que ponto essa exposição exacerbada no mundo virtual é benéfica ou não? Não quero afirmar que a rede social não é benéfica, porém, mesmo que irrestrita ao número de amigos, ela deve ser restrita há algumas informações pessoais, as quais podem prejudicar sua carreira.
Enquanto consultora de Recursos Humanos venho presenciando empresas utilizando-se, cada vez mais, das páginas pessoais nas redes de relacionamentos para obter mais informações dos candidatos a emprego, buscando dados sobre seus costumes, suas preferências políticas, religiosas, de como se expressam e de como se relacionam no mundo virtual.
O fato é que a liberdade de expressão, defendida pela própria constituição federal, conforme o seu Art.5º; da questão do preconceito; da proibição por discriminação; do bullyng corporativo, se é que assim podemos denominar, são instrumentos que impedem o empregador de relatar o real motivo da não admissão e até da muitas demissões que ocorrem no dia a dia das organizações.
E é nesse jogo que internautas e empregadores vivem sem saber como se comportar frente a esse novo modelo de relações sociais, sem saber ao certo o limite entre benefícios e malefícios.
Dessa forma, sugere-se aos internautas que afinem o seu "senso crítico", que parem para analisar seu comportamento e suas atitudes frente a esse "novo mundo" que, dependendo do grau de intensidade de sua exposição, acabará acarretando prejuízos tanto para a vida pessoal como na carreira profissional, conscientizando-se cada vez mais de que a rede é social é não pessoal.

Maria Bernadete Pupo
Maria Bernadete Pupo é administradora de empresas, pós-graduada em Direito do Trabalho e Mestra em Recursos Humanos pelo Unifieo, onde é responsável pela gerência de RH e também palestrante para os cursos de MBA.

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